Autor: Luciano Borges
Se a memória ajuda, a lembrança vem fácil na cabeça. Pretendo aqui relembrar o nome da passarada presente na música de raiz. É compreensível visto que são numerosas as modas de viola que fazem elogios aos amigos do vento.
Em “Moreninha linda” aparece o “Canarinho”(Foto), em “Tristeza do Jeca” participa o Sabiá, em “Peito Sadio” tá lá o “Tiziu”, com seu triste e repetido cantar. Pena Branca e Xavantinho, homenageiam o seresteiro “Uirapuru” (raríssima ave amazônica) assim como o “Cuitelinho” que nâo gosta que o botão de rosa caia pois alimenta-se de néctar. Tião Carreiro em “Pulo do gato”, versa sobre o canto da “Corruíra”. “Meu enderço” relaciona o caminho da fazenda com o lugar onde a “Juriti” passeia. Quem não se lembra do “João de Barro”, que pra ser feliz como eu, certo dia resolveu, arrumar uma companheira?
Podemos dizer que violeiro é um passarinho, e um passarinho, às vezes é violeiro.
Ambos cantam o dia inteiro, suas mágoas e sua alegrias.
Disputam entre si quem tem melhor voz, esquentando desafios de cantorias.
Eles também, de forma apaixonada, caminham na poeira da estrada,
cantando pela admiração da mulher amada.
E pra fugir das dores do coração, da desilusão de mais um amor que se desfaz, sofrimento regado de pinga com sassafraz,
fazem como a “Andorinha”, que agora voa sozinha...
mas não faz verão.
*de pose para a foto: canário
